Para mim a estratégia do partido que comanda Angola desde 1975, o MPLA, continua a ser a de fingir, a de dar a ideia para o exterior que a democracia existe no país. Mas isso é falso. A democracia não é uma coisa abstracta.
A democracia, quando existe, tem parâmetros que a definem. E esses não existem em Angola. Alguém vê os tribunais a julgar? Não. Alguém vê o Parlamento a legislar? Não. Alguém vê o Governo a governar? Não.
Quem manda, quem se substitui aos tribunais, à Assembleia Nacional e ao Governo é uma entidade não eleita que dá pelo nome de Presidência da República.
A UNITA mostrou que sabe o que é a democracia e adoptou-a definitivamente. Tê-lo-á feito de forma consciente? Tenho algumas dúvidas, sobretudo depois das manipulações e vigarices eleitorais de que foi vítima, que já não esteja arrependida.
Isaías Samakuva mostrou ao ao mundo que as democracias ocidentais estão a sustentar um regime corrupto e um partido que quer perpetuar-se no poder. E de que lhe valeu isso?
Depois da hecatombe eleitoral, provocada também pela ingenuidade da UNITA acreditar que Angola caminha para a democracia, Samakuva alterou os jogadores, a forma de jogar e promete melhores resultados.
Creio, contudo, que o líder da UNITA conseguiu juntar bons jogadores mas esqueceu-se que não bastam bons jogadores para fazer uma boa equipa.
Muitos desses craques não conseguem olhar para além do umbigo, do próprio umbigo, e passaram os últimos anos a bloquear iniciativas válidas só porque partiam de outras pessoas. Ou seja, olharam para o mensageiro e não para a mensagem.
O mundo ocidental esteve, mais uma vez, de olhos fechados para o enorme exemplo que a UNITA deu. Em 2003, abriu bem os olhos porque esperava o fim do partido. Isso não aconteceu.
Agora vamos ver se ao Ocidente basta uma UNITA com 10% dos votos para dar um ar democrático à ditadura do MPLA, ou se pelo contrário ainda a vai querer mais reduzida com o advento de outras organizações satélites do poder.
Aliás, por alguma razão o Ocidente não reagiu às vigarices, às fraudes protagonizadas pelo MPLA. E não reagiu porque não lhe interessa que a democracia funcione em Angola, assim como não lhe interessa que haja eleições livres.
É sempre mais fácil negociar com as ditaduras.
1 comentário:
Neste processo,o único culpado é a Unita,que já sabia do que a casa gastava ,se calhar também estava tão fragilizada,ainda me lembro que os principais generais da Unita estavam a passar mal e não teve outro remédio senão aceitar o acordo,para mal de Angola.Agora que o Samakuva é a Manuela Ferreira Leite da Unita,isso não tenho´dúvidas,representa o pior da Unita.
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