Um ano após o lançamento da nova parceria euro-africana, na cimeira de Lisboa, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, destaca a melhor governação em África, apesar dos conflitos que persistem naquele continente e que são motivo de preocupação.
Melhor governação? Onde? República Democrática do Congo? Zimbabué? Angola? África do Sul? Guiné-Bissau?
Numa declaração à Agência Lusa, o presidente do executivo comunitário lembra que "a Cimeira de Lisboa lançou sobretudo uma nova forma de conceber as ligações entre os dois continentes", com "o diálogo político e a boa governança" na primeira linha das relações entre UE e África.
Traduzindo, "o diálogo político e a boa governança" significa, hoje como ontem e certamente como amanhã, boas relações com quem estiver no poder, independentemente de ser ditador.
Ou ainda, "o diálogo político e a boa governança" significa estar sempre ao lado dos poucos que têm milhões e não (santa ingenuidade a minha) dos muitos milhões que têm pouco ou nada.
Para Durão Barroso, "apesar dos conflitos que persistem", como o "interminável conflito em Darfur" e na República Democrática do Congo, e de "passos atrás" (caso da Mauritânia), "a governança progrediu em África". Se calhar Durão Barroso referia-se à Somália...
O presidente da Comissão apontou como, "exemplo concreto, a reacção africana ao golpe de Estado na Mauritânia, considerado inaceitável e rapidamente condenado pela União Africana (UA)", ou ainda "os esforços da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e do antigo presidente sul-africano Thabo Mbeki para encontrar uma "saída africana para a crise no Zimbabué".
Que grandes exemplos. A "saída africana para a crise no Zimbabué" está a dar um resultadão. Até conseguiu que o país aumentasse as exportações de refugiados, subisse os índices de cólera e de miséria.
"Progresso na governança é também o reforço da União Africana e, nomeadamente, da nossa instituição gémea, a Comissão da UA", apontou. E apontou bem. Mas como apontar o que está mal é feio, a Europa continua a tapar o Sol com a peneira, esquecendo-se que na escuridão não é preciso usar peneira.
Durão Barroso ressalvou todavia que "a realidade hoje em África continua a ser muito preocupante" (ai sim?), com os conflitos a que se junta "uma crise alimentar grave e os efeitos pressentidos da crise financeira e económica", que poderão ter um impacto nas ajudas ao continente.
Ou seja, Europa e África no seu melhor.
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