Que a economia portuguesa entrou, mais uma vez e sempre para o lado dos mais fracos, em derrapagem e que, a todo o momento, pode fazer mais um buraco no fundo, já todos sabemos, incluindo (espero) o primeiro-ministro.
Se calhar o país ainda está a tempo de evitar que o povo saia à rua para, ao estilo recente da Grécia, dizer que não podem ser sempre os mesmos a pagara crise.
Numa coisa, reconheço, José Sócrates tem razão. Agora não são exactamente os mesmos a pagar a crise. Ou seja, são os mesmos de sempre e mais uns milhares que até agora tinham escapado. Do outro lado, aí sim, continuam sempre os mesmos (banqueiros, administradores, gestores e empresários).
Chegados a esta fase negra, já não adianta mudar de ministros. E para mudar as políticas é necessários mudar de Governo. Mas qual é a alternativa? Não há. E se não há, o melhor é mudar de políticos (os que há são – quase - todos farinha do mesmo saco) ou, quem sabe, até de sistema político.
É que entre um sistema em que poucos roubam e um em que muitos roubam, não me parece difícil escolher.
E para a economia voltar a funcionar é urgente dar oportunidade ao primado da competência e não, como o fez este Governo, ao da filiação partidária, do compadrio, da corrupção e de outras virtudes horizontais.
Como diz o meu amigo Gil Gonçalves, e a pensar como ele há cada vez mais gente, é preciso que haja outro 25 de Abril daqueles a sério: “Não para tirar uns e pôr outros e continuar tudo pior... para roubarem”.
Isto porque, diz ele e cada vez mais boa gente, nem no tempo do Salazar faziam essas coisas. “Agora rouba-se democraticamente. Aliás, cada vez mais me convenço, que a democracia inventou-se para se poder roubar à vontade”.
E a vida tem destas coisas. Depois admirem-se que entre uma ditadura de barriga cheia e uma democracia com ela vazia, os portugueses não tenham dúvidas em escolher. E, note-se, já há muita gente que nem sabe se tem barriga...
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