«Quando aqueles que comandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito!», afirmou o Cardeal De Retz.
Quando será (santa ingenuidade a minha) que em Portugal veremos os trabalhadores (pelo menos estes) a serem avaliados de forma objectiva e imparcial, sem que para essa avaliação contem o cartão do partido, os jantares com o chefe ou a prenda de anos no aniversário do director?
É claro que todos devemos ser avaliados pelo mérito, sendo que este é perfeitamente mensurável e não necessita de análises subjectivas. Acresce que só quem for competente pode avaliar a competência. Isso é que era bom, dizem-me aqui ao lado, e com razão.
Ora, como cada vez mais a competência é – em Portugal - substituída pela subserviência, não adianta instituir o primado da transparência quando todos os seus agentes são opacos.
O tecido laboral em Portugal está a mudar? Está. Durante muitos anos, as avaliações laborais (fossem nas empresas do Estado ou nas privadas) pareciam sérias mas não eram. Hoje não parecem nem são.
Hoje, sejam a empresas do Estado ou privadas, o ambiente é de valorização exponencial do aparente, do faz de conta, do travesti profissional que veste a farda que mais jeito dá ao capataz que está acima.
Não admira por isso que, na eventualidade (rara, raríssima) de alguém questionar o veredicto superior (tão superior quanto a sua similitude com os camaleões) corre o risco de ver a avaliação reduzida ainda mais. Reduções, é claro, proporcionais às vezes que ousar questionar o dono da verdade.
O presente é, ou parece ser, de todos aqueles que pelo menos às segundas, quartas e sextas são do PS, às terças, quintas e sábados do PSD e ao domingo negoceiam com o PC, com o BE e com o CDS.
Pelo meio deste circuito aparecem sempre os sipaios que acalentam a esperança de um dia serem chefes de posto e que, no cumprimento de ordens superiores, passam ao papel a avaliação pré-determinada, mesmo que no lugar da assinatura tenham de pôr a impressão… digital.
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