A epidemia de cólera no Zimbabué fez mais de 1.500 mortos desde Agosto, de acordo com um novo balanço divulgado hoje pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas o que é que isso agora importa? As atenções mundiais estão concentradas noutros palcos.
Sapatos contra Bush, gigantesca missa em Madrid, invasão da Faixa de Gaza, colisão entre o Paquistão e a Índia ou, dentro de dias, a tomada de posse no novo presidente norte-americano, Barack Obama, fazem com que África “desapareça” do mapa .
É certo que desde Agosto, 1.546 pessoas morreram de cólera no Zimbabué e foram diagnosticados 29.131 casos suspeito, e a OMS prepara-se para um cenário de 60.000 pessoas afectadas.
É certo que a situação na República Democrática do Congo continua a ferro e fogo, tal como continua perigosamente instável a vida na Guiné-Conacri ou na Somália.
Mas o que são 1.500 mortos de cólera no Zimbabué comprados com os 300 palestinianos mortos pelos bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza?
Mas o que são os eventuais 60.000 potenciais casos de cólera no Zimbabué comparados com os perto de 200 mortos nos ataques a Bombaim?
E o que são os milhões de pessoas que em toda a África morrem de fome, de doença ou pelos efeitos da guerra, comparados com uma missa que concentrou, em Madrid, um milhão de pessoas?
E assim se faz a história onde as prioridades, entre outras justificações, são feitas pela cor da pele. Racismo? Não. Nem pensar. Apenas uma realidade indesmentível: uns são pretos, outros não!
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