quarta-feira, dezembro 31, 2008

Crise? Que crise? Onde?

Mesmo quando (não) existem, as crises têm sempre duas faces. Também nestes casos, o pão dos portugueses quando cai ao chão tem sempre a manteiga virada para baixo. Se sempre assim foi, porque razão agora seria diferente?

Vem isto a (des)propósio de um telefonema que acbo de receber de um amigo, empresário no norte de Portugal, cuja empresa está – diz ele – em crise e que pode ser obrigado a despedir umas dezenas de empregados já no iníco do ano.

“Se não tiver ajuda do Estado, não tenho outra solução. As vendas tiveram uma quebra substancial, tenho dificuldades em receber o que vendo, por isso não há alternativa”, contou-me ele.

“Mas não foi contratado um director para procurar uma saída, uma alternativa? Não é mesmo possível aguentar o pessoal, procurando criar novos produtos, descobrir novos nichos de mercado?”, perguntei eu com a ingenuidade própria de quem nada percebe de empresas.

“O novo director apenas conseguiu constatar que a crise existe e que a solução para reduzir custos é despedir algum pessoal”, disse-se o meu amigo, lamentando a situação e dizendo-se triste por não ter alternativa.

Afinal, pensei eu, a crise existe mesmo.

Antes de, apesar de tudo, lhe desejar um bom 2009, perguntei-lhe a medo onde iria passar o fim do ano. Pareceu-me uma pergunta descabida, sobretudo atendendo ao contexto da nossa conversa. Mas é daqueles coisas em que só se pensa depois de dizer.

“Já estou em Cuba onde vou passar o fim do ano”, respondeu-me.

“Como? Em Cuba? Mas tu vais para Cuba com a situação em que está a tua empresa, com o cenário catastrófico que acabaste de relatar?”, indignei-me.

“Meu caro, a empresa está em crise, mas eu não estou em crise”, respondeu-me com um tom de voz típico de quem vai gozar à grande e à portuguesa... com os portugueses.

3 comentários:

ELCAlmeida disse...

Pois crise...
Se fossem joboiar para a tuge...
Bom Ano
Kandandu
EA

Gil Gonçalves disse...

O crédito de Portugal depende o pão-nosso de cada dia e foi provou-se que falhou politicamente o empréstimo da Caixa Geral de Depósitos, (com o aval do Estado) que é um banco de Estado.
Se não há crédito para o Estado, para quem haverá crédito? Para ninguém.
Milhares de pessoas com fome, milhares de empresas fecham ou ameaçam fechar, desemprego aumenta, com intenções de aumentar mais, salários a diminuir, a pobreza a aumentar, começa a parecer complicada a situação social, em que cada vez mais existem protestos de todo o tipo de sociedade em que se prevê protestos sociais com violência...
http://bcpcrime.blogspot.com/

Américo Amorim e os seus interesses estratégicos
Reforçar na Galp, "wait and see" no BCP
homem mais rico de Portugal reafirma a sua disponibilidade para comprar a posição da ENI na Galp, e admite chegar aos 10% no espanhol Banco Popular.
Rui Neves
ruineves@mediafin.pt
Jornal de negócios

Anónimo disse...

Esta é a lógica desta "crise". No final os pobres sofrerão e os capitalistas serão salvos pelos governos. Eles, os mesmos que causaram a crise.