O núcleo do sindicato dos jornalistas da Rádio Nacional de Angola (RNA) considerou hoje que a comunicação social pública angolana não foi isenta nas eleições legislativas e apelou para uma postura imparcial nas presidenciais previstas para 2009. Levou tempo, mas mais vale tarde…
"Apesar do esforço do sindicato, do próprio Governo e de organizações internacionais, os jornalistas não conseguiram ser imparciais [nas legislativas de Setembro] e em função disso resolvemos fazer um apelo para que isso não volte a acontecer nas eleições presidenciais", disse o responsável pelo núcleo do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) na RNA, Mário Maiato.
Esforço do Governo? De organizações internacionais? Bom. Como está no meio das feras e porque pode chocar contra uma bala, Mário Maiato teve (que remédio) de açucarar a análise.
O apelo foi lançado após uma assembleia-geral do sindicato para balanço de actividades, cujos participantes concluíram que os órgãos de comunicação social públicos não tiveram uma postura "isenta" nas legislativas de 5 de Setembro.
Num documento aprovado na reunião, o núcleo do sindicato de jornalistas da RNA, com 171 membros, critica as inúmeras falhas registadas durante as eleições legislativas e afirma que durante a campanha eleitoral, foram "sistematicamente violados" princípios como o da "imparcialidade, isenção e igualdade" entre candidatos.
Mas, como manda o manual do MPLA, todos sabemos que as eleições foram democráticas e transparentes apesar da falta de "imparcialidade, isenção e igualdade".
"Todos nós acompanhámos as notícias na RNA e na Televisão Pública de Angola (TPA) e vimos como operavam. Passava uma notícia da oposição e duas do partido no poder, peças de quatro a cinco minutos, enquanto as outras passavam em um minuto", salientou Mário Maiato.
Cuidado Mário. Cuidado. As verdades não são para dizer, mesmo sabendo-se que o MPLA já garantiu mais quatro anos aos 33 que já leva no poder.
No período eleitoral e pós-eleitoral das legislativas de 5 de Setembro, alguns jornalistas e colaboradores da RNA e da TPA foram suspensos com processos disciplinares devido a declarações sobre a forma como os órgãos públicos exercem a cobertura política ou comentários sobre algumas das nomeações políticas para cargos públicos.
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