sábado, dezembro 13, 2008

Não é só em Portugal que os jornalistas
devem conhecer um só verbo: obedecer

O jornalista Roman Dobrokhotov, que interrompeu o Presidente da Rússia quando este falava em directo na televisão, numa conferência dedicada ao 15º aniversário da Constituição, foi despedido da estação de rádio "Daqui Moscovo".

Segundo Dobrokhotov escreve no seu diário na Internet, o director da rádio despediu-o alegando "redução de quadros".

Há vários anos que o jornalista conduzia no "Daqui Moscovo" um programa de discussão sobre problemas políticos e sociais.

Serguei Dobrokhotov, que participava como convidado numa conferência dedicada ao 15º aniversário da Constituição da Rússia, começou a gritar: "As emendas à Constituição são uma vergonha, queremos eleições livres!", interrompendo o discurso do dirigente russo.

Recentemente, pela primeira vez em 15 anos, o Presidente russo decidiu fazer alterações à lei fundamental, que permitirão aumentar o mandato presidencial de quatro para seis anos e o mandato dos deputados da Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento de quatro para cinco anos.

Dmitri Medvedev continuou a discursar, expondo "as possibilidades que a Constituição abre para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da legislação russa", mas o jornalista continuou a gritar: "No país há censura!"

Quando agentes da segurança de Medvedev se aproximaram do homem que protestava para o expulsar da sala, o Presidente interrompeu o seu discurso e disse: "Que fique, que ouça. Sinceramente falando, a Constituição foi aprovada para que cada um possa expor a sua própria posição."

Estas palavras foram recebidas com fortes aplausos, mas a segurança não cumpriu as ordens do Presidente e expulsou à força o ouvinte descontente.

Roman Dobrokhotov, que também é dirigente do movimento da oposição "Nós", foi conduzido a uma esquadra da polícia, tendo sido libertado algumas horas depois.

"Nada tenho a dizer sobre o comportamento da polícia, fui bem tratado e até me deram café", declarou o jornalista à rádio Eco de Moscovo.

Sem comentários: