segunda-feira, dezembro 01, 2008

Cólera ameaça toda a região sul de África

O Zimbabué continua a ser notícia. Pelas piores razões. Para além da crise política que se arrasta há meses, de uma taxa de inflação de 231 milhões por cento ao ano, junta agora mais onze mil casos de cólera.

O ministro da Saúde do Zimbabué, David Parirenyatwa, revelou ontem terem sido registados 11 071 casos suspeitos de cólera em todo o país desde o início da epidemia, em Agosto, que já fez 425 mortos.

A estação das chuvas poderá agravar a situação sanitária no país, adiantou o ministro, especificando que cólera atinge agora toda a metade leste do Zimbabué, continuando a espalhar-se.

A ONU preocupa-se agora com "a dimensão regional alarmante" que a epidemia toma, com casos diagnosticados no Botsuana e na África do Sul, afirmou por outro lado Elisabeth Byrs, porta-voz do gabinete de coordenação de assuntos humanitários das Nações Unidas.

"A rápida deterioração dos serviços de saúde no Zimbabué, as deficiências na distribuição da água, a falta de saneamento e os esgotos entupidos vão contribuir para a escalada e a expansão da doença", disse.

As estimativas avançadas pelo líder da Oposição do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, são mais graves. Segundo revelou, "para além de mais de 500 pessoas já terrem morrido, mais de meio milhão vive em condições precárias".

O Zimbabué, que foi depois da independência da Grã-Bretanha, em 1980, uma das nações mais prósperas de África, está hoje mergulhado numa profunda crise, que se começou a acentuar a partir de 2000 quando o presidente Robert Mugabe e o seu regime deram início a um programa de expropriações de pelo menos 4 500 fazendas pertencentes a brancos, a maioria das quais estão hoje improdutivas, abandonadas ou nas mãos de altas figuras do regime.

Do ponto de vista da crise política, a situação continua num impasse apesar das pressões internacionais. O presidente Mugabe, de 84 anos, no poder desde a independência do país, em 1980, continua a não aceitar partilhar a governação com Tsvangirai, vencedor das eleições.


Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1052334

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