A Amnistia Internacional e o embaixador dos Estados Unidos em Harare, James McGee, apelaram hoje à libertação imediata da activista dos direitos humanos e directora da ONG Zimbabwe Peace Project (ZPP), Jestina Mukoko, raptada quarta-feira em sua casa.
Com fortes suspeitas de que os sequestradores da conhecida activista sejam agentes da temida CIO (Central Inteligence Organization, os serviços secretos do regime de Mugabe), a AI, o governo norte-americano, diplomatas acreditados em Harare e várias organizações cívicas manifestaram ao longo do dia de quarta-feira e já hoje sérias preocupações com o desaparecimento de Jestina Mukoko.
A activista foi raptada por cerca de duas dezenas de desconhecidos da sua casa às primeiras horas da manhã de quarta-feira.
No mesmo dia, pelo menos 70 sindicalistas foram detidos em vários pontos do Zimbabué durante manifestações públicas organizadas pela central sindical ZCTU contra as condições de vida dos trabalhadores e a acentuada deterioração dos salários e das infra-estruturas públicas.
Muitos dos detidos são médicos e enfermeiros que reclamavam a melhoria dos serviços públicos de saúde, actualmente em estado de quase colapso numa altura em que a epidemia de cólera já fez mais de 550 mortes no Zimbabué.
O Zimbabwe Peace Project, do qual Jestina Mukoko era desde a sua fundação directora de operações em Harare, possui uma rede de monitores e observadores espalhada por todo o Zimbabué.
A organização dedica-se exclusivamente a registar, junto das comunidades, incidentes de violência politica, na sua esmagadora maioria levados a cabo por agentes do Estado, contra populações suspeitas de votar na oposição (o MDC), e militantes e dirigentes oposicionistas.
Mukoko deveria ter sido quarta-feira a mestre de cerimónias num evento em Norton, 50 quilómetros a oeste de Harare, destinado a homenagear activistas e organizações dedicadas ao combate ao HIV/Sida.
O grupo de homens à paisana que a sequestraram de sua casa às 05:00 horas da manhã (ainda de pijama uma vez que se encontrava na cama) faziam-se transportar em duas viaturas sem identificação, uma das quais sem chapas de matrícula e, segundo testemunhas, identificaram-se mesmo como agentes da polícia.
Uma fonte do ZPP disse hoje à agência Lusa que ficaram sem resposta todos os pedidos de esclarecimento sobre o paradeiro de Mukoko feitos pela organização junto de estruturas nacionais e provinciais da polícia zimbabueana e que o ambiente entre funcionários do ZPP é “de grande consternação e receio pela sorte de Jestina”.
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