quarta-feira, dezembro 03, 2008

Zimbabué à beira do colapso. Que importa?
(Se calhar, desabafo eu, é por serem negros)

A situação no Zimbabué é "desesperada e à beira do colapso, particularmente nos sectores da saúde e da alimentação”, disse hoje à Lusa a partir de Harare o embaixador de Portugal naquele país, João da Câmara.

Mas, apesar disso, o Mundo tem outras preocupações. Actuar seria uma forma de impedir que o país continuasse a liderar o ranking dos maiores exportadores de... refugiados.

O representante diplomático de Portugal em Harare declarou-se “céptico” relativamente à conclusão dos acordos políticos que permitam a formação de um governo legítimo no Zimbabué, mas disse que “sem governo de unidade em funções, o país continuará a caminhar no sentido do colapso total”.

Mas, apesar disso, o Mundo tem outras preocupações. Actuar seria uma forma de impedir que o país continuasse a liderar o ranking dos maiores exportadores de... refugiados.

“A situação caracteriza-se pelo acentuar do descalabro económico-financeiro, pelo crescimento desmesurado da miséria e pelo colapso dos serviços e das infra-estruturas, com a agravante de haver uma epidemia de cólera fora de controlo, condimentos esses que, todos somados, poderão resultar numa erupção de violência”, referiu o embaixador João da Câmara.

Mas, apesar disso, o Mundo tem outras preocupações. Actuar seria uma forma de impedir que o país continuasse a liderar o ranking dos maiores exportadores de... refugiados.

“Os serviços e as infra-estruturas estão em colapso. No bairro onde resido em Harare, por exemplo, já não temos água canalizada há cerca de um ano e recorremos a um furo artesiano para as nossas necessidades. Também a electricidade falta quase diariamente, e por longos períodos, forçando-nos a recorrer ao gerador que possuímos”, revelou o embaixador português.

E se é assim com o embaixador, como estará o povo?

Câmara salientou que para os cidadãos anónimos, sem furos para bombear água e sem geradores, esta é uma situação dramática e uma das causas do surgimento da epidemia de cólera que já vitimou mais de cinco centenas de pessoas em todo o país.

“A União Europeia já disponibilizou nove milhões de euros para o combate à cólera e alguns países, como a Espanha e a Holanda, também disponibilizaram fundos substanciais a título bilateral. Mas a questão não é só os fundos, esses não escasseiam, o problema profundo é a falta de vontade e capacidade das instituições do Estado para os utilizar a bem das populações, e por isso receio que o problema não seja resolvido a breve prazo”, salientou o embaixador.

Mas, apesar de tudo isto, o Mundo tem outras preocupações. Actuar seria uma forma de impedir que o país continuasse a liderar o ranking dos maiores exportadores de... refugiados.

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