sexta-feira, dezembro 05, 2008

À falta de pés próprios para dar uns tiros
PSD começou a dá-los na própria cabeça

Luis Filipe Menezes classificou hoje de "lastimável" o episódio em torno dos deputados do PSD que faltaram às votações no Parlamento português, considerando-o "sinal de que o Partido está à deriva, sem rei nem roque". Sócrates agradece.

Nas votações de hoje poderia ter sido aprovado um projecto do CDS-PP que recomendava ao Governo a suspensão da avaliação dos professores, não fossem as ausências de deputados da oposição.

Como houve seis deputados do PS que votaram a favor ao lado da oposição, uma deputada do PS que se absteve e 13 socialistas que faltaram, com mais 22 votos favoráveis o projecto do CDS-PP teria sido aprovado.

Na bancada do PSD, registaram-se as ausências de 30 dos 75 deputados e faltaram ainda cinco deputados de outras bancadas da oposição.

A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, revelou que chamou o líder da bancada social-democrata, Paulo Rangel, à sede do partido para saber quem foram os deputados que faltaram.

"O episódio é lastimável mas mais lastimável ainda é agora a líder do Partido não assumir responsabilidades. A sua atitude de chamar o líder parlamentar a pedir explicações faz-me lembrar um ex-ministro da Agricultura, o famoso ministro da mioleira, que quis participar numa manifestação contra si próprio", disse o ex-presidente do PSD.

Menezes sublinhou que "estas coisas combinam-se com antecedência, sabia-se que hoje havia votações importantes. A líder do Partido não pode agora responsabilizar os seus deputados e sacudir a água do capote com esta 'mise-en-scène' de chamar o líder parlamentar".

"Mais uma vez pergunto: o que se diria deste episódio se o líder do Partido fosse Luís Filipe Menezes, quantas vozes estariam agora a dizer que não tinha mão no grupo parlamentar?", disse, considerando que o PSD vive actualmente "de trapalhada atrás de trapalhada, até à trapalhada final".

"Todos os dias a direcção do Partido dá tiros nos pés: hoje esta história, quinta-feira a da mentira em torno da demissão do director do grupo de estudos e recentemente as alterações em torno da posição do PSD no Estatuto dos Açores", disse.

Luís Filipe Menezes revelou que quando era líder do Partido "tinha acordado com um órgão de soberania, que não vale a pena especificar, que o PSD votaria contra o Estatuto. Com a nova líder, afinal o Partido decidiu votar a favor, com as consequências que são agora visíveis".

"Um dia destes, vou dizer quem era o deputado do PSD que estava responsabilizado pelo Partido por defender o voto contra o Estatuto dos Açores. Será uma revelação no mínimo curiosa", adiantou.

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