Nem depois dos oitenta e tal por cento conseguidos nas eleições deixam o MPLA em paz. Será preciso o quê? 110%? Se é isso bem poderiam ter avisado. É que com mais um pequeno esforço lá se chegaria...
Vem isto a propósito da cabala, no que ao MPLA respeita, do julgamento do "Angolagate", ligado ao caso de presumível tráfico de armas para Angola nos anos 90, que amanhã começa num tribunal de Paris, envolvendo dezenas de políticos e empresários franceses.
No total, 42 pessoas, entre elas Charles Pasqua, de 81 anos e antigo ministro do Interior, Jean-Christophe Mitterrand, filho do falecido Presidente francês, Pierre Falcone, empresário, de 54 anos, e Arcadi Gaydamak, de 61 anos, milionário israelita, vão ser ouvidos pelo alegado envolvimento no caso. Tudo tretas. Se há inocentes... são estes e mais uns tantos.
As acusações, todas elas com penas de prisão entre cinco e dez anos, passam pelo comércio ilícito de armas, abuso de confiança, fraude fiscal e tráfico de influências. Como é que isso é possíve? Francamente!
Até 4 de Março de 2009, o tribunal vai tentar apurar as responsabilidades e as ramificações de um vasto negócio de venda de armamento a Angola entre 1993 e 1998, no valor estimado de 790 milhões de dólares (cerca de 565 milhões de euros ao câmbio actual) e que gerou tensão nas relações entre Paris e Luanda.
Apesar de nenhum cidadão angolano estar intimado no julgamento, a acusação sustenta que cerca de três dezenas de altas personalidades de Angola, entre elas o próprio Presidente da República e do MPLA, partido há 33 anos no poder, José Eduardo dos Santos, receberam "luvas".
Luvas? Como é que isso pode ser? Nem mesmo para receber as mais altas individualidades que, como José Sócrates, vão a Luanda beijar o chão que cheira a petróleo, Eduardo dos Santos usa luvas...
Ah! Referem-se às outras luvas? Também não é possível. Perguntem aos banqueiros portugueses e todos dirão que é impossível haver corrupção em Angola. E, é claro, não havendo corrupção não há lugar a luvas. Não é assim?
Segundo a acusação, em 1993, Eduardo dos Santos necessitava de carros de combate e de munições para combater as forças da UNITA, tendo a França recusado então vendê-las a Luanda, não dando a respectiva autorização para as transacções.
Os contactos oficiais, porém, acabaram por resumir-se a Pierre Falcone, um empresário muito próximo do então ministro do Interior e que se associou ao israelita de origem russa Arcadi Gaydamak, que viria a fazer os contactos com a Rússia para enviar o arsenal necessário.
Segundo a acusação, Angola comprou 420 carros de combate, 150 mil obuses, 170 mil minas antipessoais, 12 helicópteros e seis navios de guerra, entre outro armamento.
Isto é que é aldrabar. O MPLA não precisava de nada para derrotar a UNITA. Aiás, se perguntarem a Eduardo dos Santos, ele dirá (e olhem que o homem sabe do que fala) : “Mas o que é isso da da UNITA?”
Os contratos sucederam-se e, com margens de lucro de 50 por cento, os diferentes sócios das diferentes empresas, algumas delas fantasmas, acabaram por enriquecer. Oriundo da área do petróleo, o dinheiro angolano foi depositado em contas de diversas empresas, em Paris, Genebra ou Telavive, antes de seguir para as de companhias e bancos de Jersey, Ilhas Virgens ou Mónaco.
Entre os beneficiários franceses que presumivelmente receberam "luvas" figuram intermediários como Jean-Christophe Mitterrand, filho de François Mitterrand, o próprio Charles Pasqua e o seu "braço direito" Jean-Charles Marchiani.
Alegadamente envolvidos estão também vários funcionários da Brenco, empresa de Pierre Falcone, que também "fornecia" jovens senhoras, que se encarregavam de acolhimento dos convidados, nomeadamente os militares angolanos, sustenta a acusação.
O julgamento é presidido pelo juiz Jean-Baptiste Parlos, que contará com 58 sessões para analisar o caso e não terá a presença de um dos principais acusados, Gaydamak, 56 anos, que se refugiou em Israel.
Recentemente condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal, Pierre Falcone é aguardado no julgamento, bem como Jacques Attali, 64 anos, antigo conselheiro de François Mitterrand.
Para o Governo francês, o julgamento não surge na melhor altura, dado que as autoridades gaulesas têm tentado uma aproximação a Luanda, sendo prova disso a visita que o Presidente Nicolas Sarkozy efectuou em Maio último a Angola, país rico em petróleo e já o maior produtor de crude de África.
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