O presidente da República de Angola pediu hoje aos seus ministros mais trabalho e menos conversa. A mensagem foi tão bem entendida que o ministro António Bento Bembe começou logo a mostrar que nada tinha para fazer. Vai daí, falou, falou, falou... e só disse asneiras.
E falou para, mais uma vez, dizer uns tantos disparates. Para já, negou a existência de um conflito armado em Cabinda, considerando as mortes recentes "actos de banditismo" protagonizados por pessoas que pretendem "resolver questões pessoais".
Ao que parece, Bembe acabara de reler o manual do MPLA sobre esta questão para, bem a propósito, responder ao deputado da UNITA e activista cívico de Cabinda, Raul Danda, que afirmou haver uma guerrilha activa no enclave e que "há gente que mata e que morre de ambos os lados" naquele território ocupado à força por Angola.
Nos últimos meses foram registadas e imputadas aos guerrilheiros da FLEC a morte de um cidadão brasileiro, o ferimento de um português e ainda esporádicos ataques a guarnições militares das Forças Armadas de Angola estacionadas em Cabinda.
É tudo, é claro, mentira. As FAA estão em Cabinda de armas e bagagens para evitar que, segundo Bembe, as pessoas resolvam as questões pessoais aos tiros.
"Morre-se em todo o mundo. Morre gente no Huambo, morre gente no Cunene e em todas as províncias de Angola. Pelo contrário se formos ver a estatística desta mortandade podemos ver que em várias províncias morre mais gente do que em Cabinda", salientou Bento Bembe.
Digam lá que não é brilhante o raciocínio de Bento Bembe? No entanto, bem vistas as coisas, “se formos ver a estatística desta mortandade”, morre mais gente em Cabinda do que no Palácio Presidencial.
"Eu, nascido em Cabinda e alguém que já fez guerra em Cabinda, tenho uma experiência da guerra que data de 30 anos. Aqueles que ainda falam da existência de guerra de guerrilha em Cabinda, muitos deles não fizeram a guerra e não a entendem e nem podem definir a própria palavra guerra em si", acrescentou Bembe num rasgo histórico digno de ser emoldurado e colocado no Gabinete do primeiro-mnistro de Angola, Paulo Kassoma.
"Todos nós lutamos para a independência de Cabinda, mas é preciso compreender que as coisas mudam e os contextos também", disse Bembe. Mas seria isso que ele queria dizer? Afinal o que mudou?
Mudaram as coisas e os contextos? É claro que sim. A força ocupante, o MPLA, em vez de combater os defensores da independência resolveu comprar todos os que conseguiu, entre eles Bento Bembe.
Bento Bembe, tal como uma parte do MPLA, ainda não compreendeu que há gente em Cabinda que prefere morrer à fome do que ser escravo, que prefere levar um tiro a vender a alma aos que lá vão e estão apenas para sacar as riquezas.
1 comentário:
Agora percebo porque o senhor António Bento Bembe é Ministro Sem Pasta. Serve precisamente para isso, dizer disparates e deixar os outros trabalharem.
Kdd
EA
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