O deputado eleito pela UNITA na província angolana de Cabinda, o activista cívico Raul Danda, pretende "fazer ouvir a voz dos cabindas" no Parlamento, lembrando que "há gente que mata e que morre" no enclave.
Cabinda é um território ocupado por Angola onde se mantém ainda activa uma guerrilha, protagonizada pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), liderada por N´zita Tiago, embora o Governo de Luanda desminta que o movimento mantenha uma actividade importante no território e diga que Cabinda é uma província de Angola.
Raul Danda defendeu que o Governo de Luanda deve "aceitar" que na província de Cabinda "há pessoas que matam e que morrem" de um lado e do outro porque, caso contrário,"está-se a assumir que o que se passa em Cabinda nada tem a ver com o resto do país".
No entanto, sem se referir à actividade da guerrilha da FLEC, Raul Danda, um dos mais destacados membros da sociedade civil cabindense e ex-dirigente da extinta associação Mpalabanda, garantiu à Agência Lusa que não se vai calar, agora no Parlamento, sobre os "principais problemas" que "persistem" no território ocupado.
O activista cívico e agora deputado eleito pela UNITA, o único em cinco eleitos pela província, sendo os restantes quatro do MPLA, apontou que "são muitos os problemas que existem" em Cabinda, considerando que "só serão ultrapassados se o Governo de Luanda reconhecer que eles existem".
Questionado sobre a possibilidade de autonomia, como exige uma parte da sociedade cabindense, Danda optou por sublinhar que "o mais importante é solucionar o problema de Cabinda" e "o reconhecimento dos problemas" para que se possa enveredar por "um diálogo franco, fraterno, honesto e cordial" com vista a "uma solução que agrade a uns - os cabindenses - e outros - o Governo de Luanda".
"O principal pressuposto para a não resolução do problema de Cabinda é o não reconhecimento desse problema. E não vale a pena vir dizer que estamos há seis anos em paz efectiva", salientou Raul Danda.
O deputado considerou ainda que a Assembleia Nacional é "o local próprio" para se abordar estas questões, lembrando que "outras pessoas de Cabinda" foram eleitas, e que, mesmo estando em outras formações políticas, "acham que é preciso que se encontre uma solução" para aquela parcela do território.
Cabinda é um território ocupado de onde provém a maioria do petróleo angolano e os independentistas consideram que o território é ainda um protectorado português, como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885.
1 comentário:
Parece que na História de Portugal, que também se funde com a história de Angola, há sempre pontas soltas.
Não devia, mas sinto um gênero de vergonha como Português, por saber de Cabinda como um protectorado, e não ver nada que se faça... para a "proteger".
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